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Rasga estes versos que eu te fiz, amor
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento
Que a tempestade os leve aonde for.
Rasga-os na mente, se os souberes de cor
Que volta ao nada o nada de um momento
Julguei-me grande pelo sofrimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...
Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam todo o mundo as sente...
Rasgas os meus versos... pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida,
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!
Florbela Espanca